O percurso já não é como antigamente, mas a fé permanece intacta. O Dia de Nossa Senhora da Conceição Aparecida é comemorado no município de Simões-PI com a tradicional Romaria pela Chuva até o Morro da Santa, localizado há 7 km da cidade, onde se encontra um santuário destinado à padroeira do Brasil.
As manifestações religiosas neste local começaram em 1983, quando um piauiense foi assaltado em São Paulo, e para ter sua vida poupada, apegou-se a Nossa Senhora, como pagamento pela graça alcançada levou uma imagem do Santuário de Aparecida do Norte para a comunidade rural Malhada Grande.
Através da comunicação popular, a história do homem que sobreviveu ao assalto e em seguida recuperou o carro roubado ecoou por toda região, aos poucos os fiéis da Virgem começaram a deixar seus "ex-votos" aos pés da imagem, assim como as suplicas por dias melhores.
No início, o morro íngreme era mais uma penitência, ao longo dos anos as escadas foram construídas com a ajuda dos romeiros, a residência abaixo do morro já conta com eletrificação rural. Este ano, o percurso também mudou, a antiga estrada carroçal por onde passava a romaria deu lugar para o asfalto, melhorando as condições de deslocamento, e com isso, favorecendo o crescimento desta tradição religiosa, que a cada ano atrai devotos de várias cidades do Piauí, Pernambuco e Ceará, sempre pessoas que souberam através de outros populares sobre graças alcançadas neste local. A avaliação é que 10 mil pessoas tenham passado pelo Morro da Santa neste dia 12 de outubro.
Como de costume, a caminhada sai da Igreja Matriz de São Simão às 4h da manhã, ao mesmo tempo em que chegam diversas caravanas oriundas de outras cidades. Com a chegada da Imagem de Nossa Senhora Aparecida, trazida pelas mãos dos romeiros, tem início a Celebração Eucarística, que foi presidida pelo padre Manoel Antônio de Moura. O pároco reafirma o quanto é especial este dia na vida de todos os católicos do país e de modo particular de região de Simões, onde há tantos anos é expressiva a participação dos fiéis na romaria.
"Nós, homens e mulheres da Santa Igreja Católica Apostólica Romana precisamos fazer desse dia um momento forte de evangelização de nosso povo, nessas terras nordestinas e em todos os recantos do país", afirma.
Esta manifestação religiosa também é resultado do clamor de um povo que em 1993 padecia com a seca que se alastrava pela região, por isso leva o nome de Romaria pela Chuva, na época organizada pelo padre Hermeto Mengarda e Comunidades Eclesiais de Base, que juntos conclamaram a população sofredora para rezar a Deus por chuvas, mas também para chamar atenção do poder público, mediante falta de assistência aos pobres, aos agricultores, doentes e todos aqueles atingidos pelo efeito da seca.
O padre Manoel acrescenta que a realidade atual não é diferente do que acontecia em 1993, na oportunidade, partilhou a experiência que teve dias antes, ao visitar uma família na comunidade Barrinha, onde uma senhora contou-lhe que passou o dia sem ingerir água, vindo consumi-la só no final da tarde, quando um caminhão pipa passou pela sua casa.
"Este é um momento muito forte onde precisamos lembrar o compromisso social de cada um de nós e das autoridades constituídas para com o povo nas nossas comunidades, sem dúvida alguma é um momento de reivindicação social", pontua
Texto e Fotos: Lana Krisna
Mais fotos:
Saída da Igreja Matriz de São Simão às 4h da manhã
Chegada das caravanas rurais
Marcas da seca
Celebração Eucarística no Morro da Santa
Fiés sobem até a capela do morro
Pagadores de promessa
Bênção dos objetos
Multidão de devotos de Nossa Senhora Aparecida
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