A Igreja é uma instituição sagrada, querida por Deus e instituída por Jesus Cristo, confiada aos apóstolos, sob a coordenação de Pedro (cf. Mt 16,18); sua missão por natureza é anunciar o Evangelho a toda criatura, isto é, levar a boa notícia da salvação aos povos através do anúncio do Reino e da denúncia de tudo aquilo que o contradiz, sendo fiel a Jesus seu fundador.
Jesus inúmeras vezes durante sua missão se confrontou com pessoas e grupos que deturpavam a compreensão e a prática da lei, colocando-a como a força máxima de salvação; entre esses grupos, sobressaem os fariseus (cf. Mc 2,23-28). A Igreja também, fiel no seguimento de Jesus, ao longo da história em seus mais de dois mil anos de caminhada, sempre enfrentou os mesmos problemas; um dos grupos que desde seu início tem se confrontado com a Igreja é o da maçonaria.
Conforme a Constituição do Grande Oriente do Brasil de 1967, "a maçonaria é uma instituição essencialmente filosófica, filantrópica, educativa e progressista". Até aí, tudo bem, mas é preciso saber em que consiste e para onde encaminha a doutrina maçônica. Como nosso intuito não é o de fazer um estudo pormenorizado sobre o assunto, destacamos apenas a título de exemplo que "a maçonaria professa a concepção de Deus dita ?deísta?, ou seja, a que a razão natural pode atingir; admite a religião natural na qual todos os homens estão de acordo, deixando a cada qual as suas opiniões particulares" (Revista "Pergunte e Responderemos n. 386, p. 323).
O Código de Direito Canônico de 1917 excomungava expressamente os católicos que faziam parte da maçonaria; no Código em vigor, a excomunhão e a maçonaria não são citadas expressamente, mas o cânon 1374, que faz parte do Livro "Das sanções na Igreja", afirma: "Quem ingressa em uma associação que maquina contra a Igreja deve ser castigado com uma pena justa; quem promove ou dirige essa associação, deve ser castigado com interdito". Essa norma sempre foi aplicada também à maçonaria que oficialmente sempre maquinou contra a Igreja.
Para dirimir qualquer dúvida, fazemos saber que atualmente prevalece a posição oficial da Igreja manifestada na Declaração da Congregação para a Doutrina da Fé, assinada pelo então Cardeal Joseph Ratzinger, prefeito, hoje Papa Bento XVI e pelo Fr. Jerome Hamer, secretário, aprovada pelo Papa João Paulo II e publicada no dia 26 de novembro de 1983. Conforme a Declaração, "não mudou o juízo negativo da Igreja sobre as associações maçônicas, porque seus princípios sempre foram considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja. Os fiéis que pertençam a associações maçônicas estão em pecado grave e não podem se aproximar da santa comunhão".
Portanto, com todo respeito que devemos a cada pessoa e à sua opinião, não podemos, contudo, deixar de lembrar aos que querem ser católicos autênticos, que a filiação à maçonaria é considerada pela Igreja, "pecado grave", já que as concepções de Deus e da religião, assim como o processo de iniciação secreta imposto aos novos membros, não se coadunam com as noções do cristianismo relativas a Deus e aos sacramentos, principalmente (cf. Prof. Felipe Aquino, Entrai pela porta estreita, p.30).
Muitas pessoas que fazem parte da maçonaria estão engajadas nas pastorais da Igreja e até prestam um bom serviço ao reino; no entanto, embora nossa missão não seja a de julgar, mas salvar, convém que tais maçons se conscientizem de sua situação perante a Igreja e sejam capazes, com a graça do Espírito Santo, de tomar uma decisão firme no sentido de caminhar com fidelidade na vivência dos princípios cristãos assumidos e ensinados pelo Magistério oficial da Igreja.
Picos, 05 de outubro de 2009.
Pe. João Pereira de Sousa
Contato: pereira.s@oi.com.br
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