A Comissão Pastoral da Terra (CPT) realizou no último sábado, dia 21, um encontro de Prevenção e Combate ao Trabalho Escravo, com a presença de agentes pastorais da Diocese de Picos, líderes comunitários, União das Mulheres Picoenses, representantes do Movimento de Pequenos Agricultores e Assistente Social.
O evento foi realizado no salão da Paróquia São Francisco de Assis, e contou com a assessoria de Francisco Alan Santos Lima e Antônio Eusébio de Sousa, da CPT Regional, e das Irmãs Doralice Bento e Maria Nair, da CPT Diocesana.
Francisco Alan - CPT Regional
De acordo com Francisco Alan, a CPT Regional desde os anos 90 vem trabalhando a favor da prevenção ao trabalho escravo no Piauí, e a expectativa para 2011 é que esta temática seja trabalhada em todas as dioceses, principalmente entre os grupos, movimentos e pastorais, para que estes sejam multiplicadores junto às comunidades de base.
"Hoje o Piauí está em sexto lugar no ranking nacional como exportador de trabalhadores para os diversos estados do país, principalmente o Pará. Então a gente vê essa necessidade de ir até as dioceses para que haja esta prevenção junto aos trabalhadores que todos os anos migram para outras regiões", afirma o assessor.
Francisco Alan destaca ainda que atualmente existe uma nova modalidade chamada de "Trabalho Escravo Contemporâneo", que é gerado a partir da pobreza, trabalhadores desempregados, sem terra para plantar e com pouco esclarecimento, que acabam aceitando propostas de emprego que posteriormente os coloca em regime análogo ao de escravidão a partir de uma dívida adquirida. Por isso ressalta a importância desta palestra, "conscientizar os trabalhadores".
"A principal característica é o endividamento, desde o momento que o trabalhador é aliciado, quando o ?gato?, homem ou fazendeiro vai até esse local aliciar o trabalhador deixando de antemão um adiantamento, então ali o trabalhador já vai adquirindo uma dívida crescente, e quando chega à fazenda, em outro estado, ele não tem como pagar", acrescenta.
De acordo com o Ministério do Trabalho e do Emprego, entre os anos de 2003 e 2010, foram resgatados no Brasil 32.986 trabalhadores em situação análoga à de escravo. "O balanço mostra aumento significativo nos números a partir de 2003, quando foi lançado o I Plano Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo, que aumentou as políticas voltadas para o tema, criando estratégias de intervenção e possibilitando maior coordenação entre órgãos governamentais e organizações da sociedade civil no enfrentamento ao problema", tendo em vista que entre os anos de 1995 e 2002 houve apenas 5.983 resgates.
Irmã Doralice - CPT Diocesana
Para a Irmã Doralice Bento, este trabalho promove maior conhecimento sobre a realidade e problemática do trabalho escravo que existe no Piauí, muitas vezes ainda desconhecido. "Com essa palestra acontece o esclarecimento, os movimentos e pastorais sociais somando forças ofertam mais visibilidade para este trabalho, que será multiplicado entre os demais", pontua.
Lana Krisna - Pascom
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