sexta-feira, 20 de maio de 2011

Jesus: a Pedra Angular


Estamos vivendo o tempo pascal no qual meditamos a ressurreição de Jesus e o surgimento das primeiras comunidades cristãs. Através das leituras dos Atos dos Apóstolos temos um retrato destas comunidades com suas esperanças e desafios, como também a narração da experiência do Cristo, a Pedra Viva, que se tornou o caminho, a verdade e a vida (Jo 14, 6) para aqueles que O decidiram seguir.
Temos, pois neste quinto Domingo da Páscoa uma experiência do Jesus histórico, ou seja, antes da sua morte e ressurreição a qual se dá pelos discípulos e outra, pela comunidade, que vivência o Cristo da fé após a sua ressurreição.
No evangelho proclamado (Jo 14, 1-12) temos um clima de despedida entre Jesus e os seus discípulos. O fato se dá após a ceia de despedida, momento este que Jesus lava os pés dos mesmos e, se coloca como modelo de serviço. A tensão atinge o coração dos apóstolos deixando-os perturbados (14,1). A experiência pessoalmente de três anos com Messias esperado será que chegaria ao fim? Seria uma despedida sem previsão de retorno?
As dúvidas são manifestas pelas duas perguntas feitas por Tomé e Felipe. Aquele pergunta a Jesus: "Senhor nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho" (Jo 14, 5)? E Filipe após a resposta de Jesus a Tomé, também pergunta: "Senhor, mostra-nos o Pai e isto nos basta" (Jo 14, 8).
Para percorrer o caminho de Jesus pressupõe uma fé madura que não está isenta das realidades marcadas por problemas e desafios. Na primeira leitura (At 6, 1-7) diz Lucas, que os Apóstolos, agora sobre a fé do Cristo ressuscitado, se reúnem para escolher sete homens afim de que estes sirvam às mesas e, eles, continuem a pregação da Palavra  (At 6, 4). A segunda leitura (1 Pd 2, 4-9) destaca a missão herdada dos primeiros apóstolos a anunciarem o Cristo, a Pedra Viva, que resgatou e fez das nações uma raça escolhida, um sacerdócio do reino, uma nação santa, e um povo conquistado (1 Pd 2, 8-9). Portanto, para cada momento de vivência da fé os discípulos pressupõem uma realidade concreta pautada por muitos "Tomés" e "Filipes".
Podemos nos perguntar então, por que nos dias de hoje anunciar Jesus como caminho, verdade e vida tornam-se uma necessidade cada vez mais urgente? No Brasil desconhecemos uma época anterior em que se tenha tanto construído casas, edifícios, chega até faltar pessoas capacitadas para tamanha demanda. Isso nos leva a refletir: será que estes inúmeros edifícios terrenos são imagens dos edifícios espirituais que devem também ser construídos? Será que faltam apenas homens para servirem as mesas, como diz a primeira leitura, ou construtores nas obras de edifícios? Ou há do mesmo modo falta de pessoas que anunciem a Pedra Angular rejeitada pelos homens?
Para estas indagações São Pedro responde: "a vós, portanto, que tendes fé, cabe a honra" (1 Pd 2, 7). Cabe, portanto, a todos nós, homens escolhidos pelo batismo a mostrar aquele que vem do Pai, aquele que sem ele nada se pode fazer.
São muitos os que hoje vivem com o coração perturbado que não conhecem o Caminho porque não deram ouvidos a Jesus. Multiplicam-se extraordinariamente os que pedem que a eles mostrem o Pai. Cada vez mais cresce a multidão dos que vivem com Jesus, mas pedem sinais concretos, pois a sua fé exige figuras, retratos, algo concreto para confirmar que Cristo é o Pai. 
A Igreja, porém na sua missão herdada de Cristo continua o esforço de mostrar o Cristo ressuscitado. A cada dia ela escolhe homens repletos do Espírito Santo para anunciar a Palavra e proclamar a verdade; usa a criatividade, o diálogo, como caminho para mostrar Jesus; Esforça-se, através do Evangelho anunciado, para dar e mostrar respostas em meios a tantas encruzilhadas nas quais a sociedade está imersa e pergunta qual o caminho a seguir; enfim, por meio do serviço aos excluídos e esquecidos das mesas ela quer dá o Alimento e chamar das trevas para a luz maravilhosa os que se encontram perdidos nas desilusões da vida;
Concluindo podemos nos perguntar: que espécie de pedras somos nós na construção da nossa Igreja local, em nossa comunidade, em nossa Paróquia? somos, de fato, pedras que procuram ajustarem-se umas às outras, em harmonia com a "Pedra angular"? ou pedras que se opõem umas às outras e se eliminam mutuamente? Que "Templo espiritual" estamos nós a construir? Jesus não é um mágico. Ele não quer fazer de nós, mágicas e nos transformar em peças de surpresas, mas conta conosco e precisa de nós para levar a diante o caminho como fonte de verdade e vida responsáveis pela construção do seu Reino no mundo.
 
Wagner Carvalho
Seminarista do 4º Ano de Teologia

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