quinta-feira, 28 de julho de 2011

As atitudes de Jesus



As palavras de Jesus sempre impressionaram as multidões em meio às injustiças do seu tempo. Era, pois nelas que os ouvintes se sentiam confortados porque as palavras ditas eram acompanhadas por gestos de vida, esperança e compaixão.
Na passagem bem conhecida dos cinco pães e dois peixes (Mt 14, 13-21), Jesus mais uma vez dá este testemunho. Ele fica sabendo da morte de seu primo João Batista e sai para um lugar deserto (Mt 14, 13) naturalmente sentido a dor da perda e da morte de seu precursor. Talvez desconsolado, parte para rezar e se recompor da amargura.
No entanto, é seguido por uma multidão aflita. Ela não se importa da sua dor, e sim que seus membros doentes sejam curados. O sentimento de Jesus se mistura com compaixão e, aquele de perda, é transformado em esperança para a multidão.
O modo de Jesus proceder sempre surpreende até mesmo aqueles que convivem ao seu lado (Mt 14, 16). Desconsolado por causa da morte de seu primo, Ele se torna o conforto para a multidão e faminta pela falta de comida, Ele se torna o alimento vivo quando pronuncia "comei e bebei, isto é o meu corpo que será entregue por vós (Lc 22, 19)".
As atitudes de Jesus não são mágicas com a finalidade de surpreender as pessoas para que elas se admirem e O aceitem. Ele não um membro do governo com função de cuidar da vida política do seu povo, porém a sua missão, é tornar-se fonte de segurança e alívio para quem se torna cansado e abatido, é uma fonte preciosa que, nas palavras do profeta Isaias se resumem desta maneira: "ó vós todos os que estais com sede, vinde às águas; vós que não tendes dinheiro, apressai-vos, vide e comei, vinde comprar sem dinheiro, tomar vinho e leite sem nenhuma paga" (Is 55, 1).
E o Apóstolo Paulo vai mais adiante quando pergunta: quem nos separará do amor de Cristo? (Rm 8, 35). Aquela multidão, como muitas multidões de hoje, vive perambulando de um lado a outro em busca de saciar aos seus anseios. Vive mendigando o prazer, o dinheiro, no fundo, ela busca um suave convite para sentarem e participarem do Pão da Vida.
A fome que ainda mata milhões de pessoas em nosso tempo não pode separar então, das esperanças de um mundo mais igual. O segredo dos cinco pães e dois peixes que saciaram cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças, foi a partilha. O desejo incontrolável de ter para guardar e ostentar o poder da posse, não pode ser maior a vontade de Jesus quando Ele mesmo diz: dai-lhes vós mesmos de comer (Mt 14, 16).
Portanto, com o milagre dos cinco pães e dois peixes Jesus quer nos mostrar que, quando se partilha, é possível saciar muita gente. Este gesto constitui o sinal evidente de que, onde há partilha ninguém passa necessidade.

Wagner Carvalho
Seminarista do Quarto Ano de Teologia

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