O último grande painel do Muticom trouxe como tema "A representação da felicidade nos processos comunicativos". O assunto foi discutido por três diferentes pontos de vista: o do antropólogo Marcelo Silva Ramos, o do psicanalista Jurandir Freire Costa e o do padre Jesus Hortal , S.J., Reitor da PUC-Rio entre 1995 e 2010. A mediação foi feita pela Irmã Helena Corazza, Presidente da Signis Brasil.
Pesquisador do SENAI/CETIQT, Marcelo Ramos, substitui o professor da Escola de Comunicação da UFRJ, João Freire Filho, que não pode comparecer. Ramos apresentou uma pesquisa realizada por ele, há dois anos, sobre a busca da felicidade pelos brasileiros nas diferentes regiões do país. Duas das conclusões as quais o pesquisador chegou, através de entrevistas, foram que a felicidade não está relacionada à rotina, e sim a momentos especiais pontuais que a pessoa vive. E que, hoje, a felicidade virou um imperativo categórico. O ser feliz tornou-se obrigatório na sociedade atual.
O psicanalista Jurandir Freire Costa, professor do Instituto de Medicina Social da UERJ, ressaltou a dificuldade de interpretar o conceito da felicidade, segundo ele um termo fluido e polissêmico. Costa procurou explicar duas concepções históricas de felicidade. No passado, ou a felicidade se traduzia de forma imanente, por tudo aquilo que é prazeroso, ou de forma transcendente, como uma felicidade de deveres, baseada em seguir uma autoridade, um modelo de vida exemplar. Para o psicanalista, a cultura da felicidade mudou, em lugar de seguir o exemplo da autoridade, hoje o espelho é a celebridade, acompanhar os modismos, o que gera uma insatisfação constante. "Nós vivemos na sociedade punitiva, paranóica e vigilante", avaliou.
A saída para este cenário, na visão do psicanalista, seria um retorno à tradição judaico-cristã, baseada nos valores da justiça e do amor.
- Diante disso, eu digo: nós temos recursos, o recurso da tradição ética judaico-cristã. É esse recurso que baliza a nossa vida, os valores baseados na ideia de justiça. Aquilo que distingue o que é justo do que é poderoso, aquilo que distingue o que é justo em nome de um Deus de amor. A ideia de amor introduzida por Paulo de Tarso, de que todos podem aspirar a justiça - explicou Costa.
Último painelista a falar, Padre Hortal, sempre bem-humorado, questionou o que é a felicidade, pois para ele este conceito é muito difícil de ser representado: "Como vamos representar algo que não sabemos o que é?".
O Padre apontou que, na bíblia, há cinco Salmos que falam sobre a felicidade e que o livro do Apocalipse tem a pretensão de descrever o assunto. Na concepção bíblica, a felicidade é estar com Deus, é a contemplação da divindade. O profeta Isaías traz esta representação através do banquete.
Após mostrar algumas imagens do que seria uma tentativa de representar a felicidade, Padre Hortal conclui sua ideia dizendo que a realização humana é a realização do plano de Deus e do encontro pela doação de si mesmo.
Por Alessandra Cruz, Camila Santos e Mayara Benatti
Do Muticom
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