O bem e o mal, a saúde e a doença, o rico e o pobre, o pequeno e o grande são exemplos que podemos dar quando referimos à dualidade da vida do ser humano. Da mesma forma, ela, a vida, é preenchida de comparações, sobretudo, quando a referimos entre o passado e o presente.
Permanentemente escutamos as lamentações do nosso povo e seus sofrimentos. Diante deles, parece não entender o silêncio e a paciência de Deus como se não escutasse ou virasse as costas para suas aflições ficando assim, sem entender o agir de Deus.
Contudo, as parábolas contadas por Jesus na liturgia deste domingo tornam-se uma chave para se entender esta realidade, pois Ele compara o reino dos céus a três elementos típicos da agricultura de sua época para "mostrar a tua força a quem não crê na perfeição do teu poder" (Sb 12, 17). Jesus compara o reino dos céus com o homem que semeou a boa semente no seu campo (Mt 13, 24); compara à semente de mostarda (Mt 13, 31) e, por fim, ao fermento que a mulher pega e mistura com três porções de farinha, até que tudo fique fermentado (Mt 13, 33). O que Jesus quer nos ensinar falando com estas parábolas? Inicialmente devemos compreender que ele não é um sínico que fala parodiando para com os que O escuta. Em seguida, devemos acrescentar que o reino de Deus é esta semente que irrompe em qualquer lugar mesmo este sendo avesso a sua implantação. No entanto, esta mesma semente que é o reino, uma vez lançada pode estar permeada de joios ao seu redor. Com outras palavras é dizer que nesta vida não se pode cochilar, pois o inimigo pode ser mais esperto e assim propagar a sua semente do mal. E por que Deus deixa isso acontecer? Por que Ele logo não elimina de uma vez por todas tudo isso? Por que Ele dá tempo para que o bem e o mal cresçam juntos? Admiravelmente o agir de Deus se diferencia do agir do homem. A sua paciência remete não ao tempo presente, mas ao futuro, não ao tempo do cultivo, mas ao da colheita, pois a sua esperteza está no fim, isto é, em saber escolher entre o bem e o mal. Pode ser que nas inseguranças da vida tenhamos a mesma pretensão de correr ao dono da vinha e dizer: Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? De onde veio então o joio (Mt 13, 27)? Esta busca insaciável de obter respostas para todos os problemas se contrapõe a paciência de Deus. Cada vez mais, diante do imediatismo e a rapidez com que vive o homem de hoje, torna-se difícil entender o motivo de Deus agir assim. São muitas as pessoas que até dizem que Deus parece não escutar as suas orações; outras, que não entende porque vive "dentro da Igreja" e são surpreendidas com seu filho viciado em drogas; perante isso só tem uma resposta: a paciência de Deus não remete ao tempo presente e, sim ao futuro. É como que deixar uma árvore crescer sendo germinada de uma pequena semente. É como que uma mulher que leva tempo misturando o fermento em porções de farinha. Os frutos da paciência de Deus estão na colheita, ou seja, no fim. Somente por meio dela o trigo será recolhido no celeiro (Mt 13, 30); os pássaros poderão fazer ninhos nos ramos das árvores (Mt 13, 32) e tudo ficará fermentado (Mt 13, 33). Isso se dará porque Aquele que penetra o íntimo dos corações sabe qual é a intenção do Espírito (Rm 8, 27). Wagner Carvalho Seminarista do Quarto ano de Teologia |
quinta-feira, 14 de julho de 2011
A paciência de Deus
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