Entrevista com o expoente da música católica que compôs 3 mil canções
Mundo funcionar, motiva você a caminhar. Ela não é melhor que a pregação e nem pode ser, mas dá sabor à vida", disse o cantor e compositor José Fernandes de Oliveira, conhecido como padre Zezinho, que comemorou 70 anos de idade, 45 anos de sacerdócio e 42 anos da gravação do primeiro disco.
Padre Zezinho nasceu em Machado (MG) em 8 de junho de l941. Veio morar com a família em Taubaté (SP), quando ainda tinha 2 anos de idade. Em 1949 se tornou coroinha e assim começou sua descoberta vocacional na casa de teologia dos Padres Reparadores. Estudou filosofia em Santa Catarina. Nos Estados Unidos, fez teologia, onde se ordenou sacerdote em 1966.
Religioso da Congregação Sagrado Coração de Jesus, cantor, autor de mais de 3 mil músicas. Trabalha há 45 anos com as Editoras Paulinas e Paulus, TV?s e Rádios católicos, além de outras mídias.
Em 2010, concorreu ao Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Música Cristã da língua portuguesa com o álbum "Ao País dos Meus Sonhos".
Padre Zezinho falou ao SEPAC sobre comunicação, espiritualidade e música. Leia abaixo os principais trechos da entrevista.
Pe. Zezinho ao lado do seminarista Rômulo Costa
SEPAC: O que é comemorar 70 anos de idade?PE. ZEZINHO: Sou feliz com essa idade, porque o corpo está dando sinais de que vou viver muito. Quando você chega aos 70 anos e sabe que vai viver uns 15 ou mais, é muito bom.
SEPAC: O que significa a música para o senhor?PE. ZEZINHO: A música motiva o homem a fazer o mundo funcionar, motiva você a caminhar. Ela não é melhor que a pregação e nem pode ser, mas dá sabor à vida.
SEPAC: Como o senhor percebe a música católica hoje?PE. ZEZINHO: Está havendo uma clericalização da música. A Igreja precisa organizar os ministérios. Tem muita gente na mídia que nem sequer leu o catecismo da Igreja Católica nem a Bíblia, e todo dia está no rádio e na televisão falando o que a Igreja não diz. Muito louvor e pouca ação.
SEPAC: Conhecemos o padre Zezinho cantor e compositor. E o ministério sacerdotal, é intrínseco?PE. ZEZINHO: Não é algo intrínseco o ser padre e ser músico. Eu sou padre católico apostólico romano e não saio da Igreja para gravar com outra gravadora. Quero que a obra da Igreja cresça. Não quero que o mensageiro padre Zezinho apareça mais do que a mensagem que não é minha, e sim da Igreja. O microfone que uso não é meu, é da Igreja.
SEPAC: E a presença de padres na TV?PE. ZEZINHO: A televisão é um veículo bom. Mas hoje se transformou numa fábrica de ídolos, não sabe apresentar alguém sem transformá-lo. A televisão hoje sensacionaliza tudo. Se o padre quiser seguir por esse caminho, sabe que corre risco.
SEPAC: Como é sua relação com o público?PE. ZEZINHO: As pessoas chegam perto de mim e dizem que sou catequista de seus filhos, netos. Os bispos também dizem que sou catequista. Sou um evangelizador que defende a Teologia da Libertação expurgada do marxismo e a Teologia da Renovação Carismática Católica expurgada do sensacionalismo. Defendo as várias teologias, desde que elas não façam aparecer o indivíduo.
SEPAC: Uma das canções que mais marcaram a vida das pessoas é a "Oração pela família". Como senhor analisa a família hoje?PE. ZEZINHO: Ela é mais vítima do que agente de transformação. O mundo hoje é governado pelo mercado e, por conseguinte, pelo dinheiro, e teleguiado por grupos internacionais e por ideologias políticas. E no meio de tudo isso está a família, sem muita força. A Igreja tomou a defesa da família, e acha que se o núcleo família for reforçado ao menos formará cidadãos conscientes e capazes de fazer escolhas.
SEPAC: O senhor pensa em se aposentar?
PE. ZEZINHO: Não. Enquanto Deus me der vida, saúde e capacidade mental, vou me colocar a serviço da Igreja.
NÚMEROSQuatro vezes cantou diante de papas, 30 anos dando aula, 60 livros, 20 opúsculos, 5 mil artigos, 3 mil músicas compostas, 1.700 canções gravadas, 120 Cd?s, 20 vídeos e DVD?s, 2 mil shows, Criou 12 grupos de canto, Lançou mais de 40 cantores e maestros
"No coração carregue um sonho realizável e; nas mãos carregue livros para ler a vida inteira e instrumentos para servir os irmãos; na cabeça carregue pensamento da nossa Igreja para falar como católico que pensa. Faça de tudo para ser porta voz; evite aparecer demais, cuidado com o individualismo excessivo, porque esse é o passo mais próximo do inferno e da ditadura. Trabalhe como Igreja e como comunidade; saiba colocar o seu tijolinho no meio dos outros tijolos desta enorme construção do Reino de Deus que se chama Igreja. Deus o abençoe!"
Entrevista concedida aos alunos do SEPAC Pe. Joãozinho Baiano, Adilson e Francisco Rômulo em julho de 2011
Foto: web
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