Assessor - D. José Belisário da Silva
D. Belisário iniciou sua apresentação fazendo um breve relato do processo de construção das Diretrizes e da importância desse processo, destacando também a necessidade de revisitação ao documento de Aparecida.
O público prioritário para o qual as diretrizes foram elaboradas é o seguinte: Bispos, padres, religiosas, laicato engajado, agentes de pastorais. Todos devem se comprometer a disseminá-las junto ao povo das comunidades, das paróquias e das dioceses.
05 eixos transversais que perpassam todas as diretrizes:
1. Saber colocar-se diante das mudanças - Em tempo de cristandade a Igreja podia se limitar a conservar o que já existia. Em tempo de mudanças como os que estamos vivendo não dá. Devemos ser uma igreja em estado permanente de missão.
2. A centralidade de Jesus Cristo - não podemos nos perder em pormenores da mensagem cristã. Não há como executar planejamentos pastorais sem antes pararmos e nos colocarmos diante de Jesus Cristo em atitude orante, contemplativa, fraterna e servidora. Somos convocados e convocadas a responder, antes de tudo, a nós mesmos: Quem é Jesus Cristo?
3. A palavra de Deus - Esta palavra para nós não é somente o livro Sagrado, é a palavra viva, é Jesus mesmo, o verbo de Deus encarnado.
4. Retomar a cultura de Planejamento - Se fazemos planejamento, é porque acreditamos que existe uma racionalidade em nossas ações. Num contexto cultural cada dia mais marcado pelo ceticismo diante do conhecimento da verdade em si e impregnados por sinais evidentes de irracionalidade, o desafio da evangelização é aproximar fé e razão e atualizar o diálogo com as pessoas de hoje.
5. Necessidade de uma conversão pastoral - A Conferência de Aparecida nos convoca a sair de uma pastoral de mera conservação para assumir uma pastoral decididamente missionária. Para isso é preciso ter uma atitude corajosa e profética de conversão pastoral como caminho para a nossa ação evangelizadora.
AS DIRETRIZES DA AÇÃO EVANGELIZADORA DA IGREJA NO BRASIL
É a expressão da ação missionária da Igreja no Brasil com desejo de ser uma resposta aos desafios dos nossos tempos.
OBJETIVO GERAL - Esse objetivo está dividido em duas partes: o quê? e para quê? Poderíamos resumi-lo da seguinte forma, respondendo a estas duas perguntas:
Evangelizar/ para que todas as pessoas tenham vida.
Essa é a boa noticia que a Igreja deve anunciar a todas as criaturas.
PRIMEIRA PARTE
PARTIR DE JESUS CRISTO
Jesus Cristo é nossa razão de ser, origem de nosso agir, motivo do nosso pensar e sentir. Por isso devemos sempre nos perguntar: estamos convencidos de que Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida?
Jesus se preocupa com as ovelhas que não fazem parte do rebanho. Ele não castiga a ovelha perdida, ao contrário apóia, traz sobre os ombros e a inclui novamente. Cristo teve duas atitudes básicas: A ALTERIDADE, que é a acolhida à outra pessoa, respeito às diferenças, busca do diálogo, exercício da solidariedade. É o sair de si e ir ao encontro da outra pessoa. Nossa igreja tem que se identificar com essa atitude. A outra atitude foi a GRATUIDADE. Jesus foi ao encontro das outras pessoas, nada esperando em troca. Nós também, discípulos e missionários e discípulas missionárias, somos chamados e chamadas a ter essa atitude, que é contrária à mentalidade predominante no mundo atual, pois não estamos vendendo nada, não estamos comprando nada. Estamos exercendo a gratuidade do amor, da bênção, da amizade. Fazer o bem sem esperar nada em troca. "Recebeste de graça, de graça dai".
O sentimento de pertença à Igreja deve se transformar em um sentimento de Amor e paixão. Devemos criar um vinculo efetivo e afetivo com nossa Igreja missionária e profética.
SEGUNDA PARTE
AS MARCAS DO NOSSO TEMPOO discípulo missionário, a discípula missionária sabe que para efetivamente anunciar Oe evangelho deve conhecer a realidade á sua volta e nela mergulhar com olhar da fé em atitude de discernimento.
As questões relacionadas ao comportamento humano devem sempre preocupar a Igreja e esta deve ter um posicionamento que traga no seu bojo as duas características de Jesus (Alteridade e gratuidade). É também importante não ser relativista nem fundamentalista. O relativismo é típico de quem oscila entre as várias possibilidades oferecidas. O fundamentalismo é o fechamento para determinados aspectos, não considerando a pluralidade e o caráter histórico da realidade como um todo.
A Igreja não existe para si mesma, ela está a serviço da vida. Ela é missão.
TERCEIRA PARTE
URGÊNCIAS PASTORAISQuando a realidade se transforma devem igualmente se transforma o caminhos pelos quais passa a ação evangelizadora.
Essas urgências pastorais devem estar presentes em todos os processos de Planejamento. Diante de nossa realidade o importante é anunciar Jesus Cristo, testemunhando a sua palavra. A urgência na ação evangelizadora parte do encontro, das visitas, do conhecimento da realidade local para atingir o coração do povo. Essa atitude é importante para enfrentar os desafios dessa mesma realidade. Além disso, é fundamental: conhecer a cultura, assumir a pedagogia de Jesus e escutar o povo e sua realidade, levando as pessoas a se apaixonarem por Jesus e anunciarem o Evangelho através do testemunho. O desafio atual é desenvolver em nossas comunidades processos de iniciação à vida cristã que conduzam a um encontro pessoal cada vez maior com Jesus Cristo. A iniciação cristã não se esgota na preparação aos sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia. Ela se refere á adesão a Jesus Cristo.
É preciso abandonar estruturas ultrapassadas que já não facilitam mais a transmissão da fé. É urgente que a paróquia se torne cada vez mais "comunidade de comunidades vivas e dinâmicas".
QUARTA PARTE
PERSPECTIVAS DE AÇÃOÉ necessário entender os desafios atuais; conhecer a realidade do povo com o qual trabalhamos; entender as necessidades mais sentidas das comunidades e nos colocar a serviço, ir ao encontro, fazer-nos presentes. Quais grupos humanos em nossa diocese, em nossas paróquia e comunidades merecem atenção especial? As visitas missionárias não devem conversar somente sobre religião, igreja, mas sim, falar o que as famílias querem ouvir da sua realidade. Estar atentos atentas para ouvir mais do que falar. Isso facilita tocar o coração daquelas pessoas que vivem "fora da Igreja" para que se aproximem de Jesus Cristo. Isso é evangelizar, fazer com que a pessoa vá ao encontro de Jesus Cristo naturalmente.
Merecem atenção especial os seguintes temas que nos interpelam nesses tempos de mudanças:
A juventude, os povos indígenas e afro-brasileiros, o ecumenismo, o diálogo inter-religioso, a missão além fronteiras, a mulher marginalizada.
QUINTA PARTE
INDICAÇÕES DE OPERACIONALIZAÇÃOPara uma evangelização eficaz é preciso chegar a indicações programáticas concretas por meio de planos pastorais que fortaleçam a pastoral orgânica e de conjunto. É preciso retomar a cultura do Planejamento, que foi perdida nos últimos anos. Como nos lembra Puebla, "a ação pastoral planejada é a resposta específica, consciente e intencional às necessidades da evangelização". É necessário ainda criar e fortalecer, onde já existem, conselhos pastorais e econômicos nas várias instâncias que sirvam de espaços de comunhão e participação.
CONCLUSÃO:
COMPROMISSO DE UNIDADE NA MISSÃOAtravés dessas diretrizes a Igreja no Brasil assume seu compromisso de fidelidade a Jesus Cristo e seu mandato missionário, discernindo os sinais dos tempos e os desafios para a evangelização
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